A estratégia de gamificação não está apenas no jogo, mas também no mundo corporativo, provando que o conceito pode ser utilizado para auxiliar diversos processos internos e ações de relacionamento
O jogo de realidade aumentada baseado na geolocalização, Pokémon Go, alcançou mais de 65 milhões de usuários nos Estados Unidos em apenas sete dias após o lançamento. Usando essa mesma tecnologia de ponta, Iuri Costa, proprietário da Axiés, criou o Mobilog, um jogo de entregas inteligentes, e já colocou milhares de pessoas para jogar. Diversão? Sim. Mas com um propósito: treinamento corporativo.
A estratégia de gamificação não está apenas no jogo, mas também no mundo corporativo, provando que o conceito pode ser utilizado para auxiliar diversos processos internos e ações de relacionamento. A técnica pode ser usada na capacitação de funcionários, com games que desenvolvam habilidades e competências específicas; na integração da equipe, com dinâmicas que aumentem o senso de colaboração em times; e no incentivo a comportamentos, ao conduzir o vendedor a recomendar produtos e a organizar corretamente o ponto de venda, por exemplo.
Há 15 anos no mercado de treinamento e capacitação, Iuri Costa foi buscar nos jogos a maneira de se reinventar profissionalmente. Começou a estudar um pouco de neurociência, de aprendizado pelo erro, de criação de novas sinapses neurais e oxigenação cerebral. Juntou isso à tecnologia da realidade aumentada e criou o Mobilog. O jogo é dividido em três ambientes: estratégico, tático e operacional. O estratégico não vê o operacional em momento nenhum. Ele passa todas as regras e informações por meio do tático. “Com o jogo, dá para simular exatamente o que acontece dentro das empresas e ver o padrão de tomada de decisão e os problemas que existem”, destacou Iuri. Na simulação, ele diz que também dá para perceber se há um líder, se existe autoridade sobre esse líder, se as pessoas o entendem como uma autoridade ou se ele lidera somente pelo poder. No jogo, que simula uma cidade com oito bairros, cada equipe é uma empresa e tem que atender seus oito clientes fazendo gestão financeira, de deslocamento, de custo etc. São 25 relatórios e cada tomada de decisão envolve 36 mil possibilidades dentro do jogo. “Eles jogam e a gente observa. Depois vamos para a aplicação prática de como aquilo funciona no dia a dia da empresa. Identificamos o problema e buscamos a solução”, ressaltou Iuri. No Laboratório Sabin, as capacitações ganharam formato mais atrativo e lúdico, e as pessoas passaram a participar com mais interesse e engajamento desde que a empresa introduziu a gamificação nos treinamentos virtuais e presenciais, há pouco mais de um ano. O Laboratório desenvolveu uma trilha de aprendizado para os funcionários. Conforme cumprem as tarefas, vão ganhando pontos e subindo no ranking. No fim do ano, os campeões são premiados. “Quando a empresa parte para a expansão, transmitir conhecimento é muito mais desafiador, porque o presencial não atende mais às expectativas. E o virtual tem que ser atrativo, já que eu não tenho como obrigar as pessoas a fazer”, explicou Mariana Bittar, gerente de Recursos Humanos do Sabin. Para ela, a gamificação resolve dois problemas: aquelas pessoas que não têm interesse no assunto passam a ter, porque o aprendizado fica mais lúdico e atrativo. “Com os jogos, conseguimos engajar mais pessoas a realizar as capacitações necessárias e o resultado foi maior absorção do aprendizado”, concluiu Mariana.