Cultivar um ambiente de trabalho que leve em consideração formas inovadoras de relações no mundo corporativo tem sido cada vez mais essencial para o mercado
Construir um clima organizacional que desperte o orgulho de seus colaboradores é uma das estratégias utilizadas por empresas para levar mais leveza ao ambiente de trabalho e, assim, atingir com mais agilidade os bons resultados. Nesse sentido, ter uma equipe de Recursos Humanos (RH) bem estruturada pode facilitar ainda mais essa premissa, já que, quanto mais feliz o funcionário se sente em exercer o seu papel na organização, mais estimulado ele ficará para atingir as metas estabelecidas. Por isso, cultivar um ambiente que leve em consideração boas práticas corporativas tem sido cada vez mais essencial no mundo dos negócios.
Diretora de Conteúdo e Relações Institucionais do Great Place to Work (GPTW), Daniela Diniz define como boas práticas de gestão de pessoas aquele conjunto de iniciativas e ações oferecidas ao time e à comunidade empresarial que estejam diretamente alinhadas aos valores, à cultura e à estratégia do negócio. Para ela, quando bem executados, esses projetos passam a sair do âmbito abstrato, funcionando como mais um alicerce para fortalecer as relações entre gestores e funcionários e também para colaborar com a cultura da organização.
“Se bem alinhadas e executadas, as boas práticas são um forte alicerce da cultura, contribuindo para o engajamento do time, aumento da produtividade, atração de talentos e sendo motivo permanência dos funcionários, diminuindo assim a rotatividade”, pontua.
Característico do mundo corporativo, o termo “turnover” tem se destacado bastante. Isso porque a expressão nada mais é do que um índice que leva em consideração a rotatividade de pessoal e está diretamente relacionado com o desligamento dos funcionários e a entrada de outros para substituí-los. Isso significa dizer que, se há o incentivo a um bom clima dentro da organização, em tese, menor será a rotatividade dos funcionários na empresa, como explica o vice-presidente eleito da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil), Dadson Moraes.
“Geralmente, a empresa que tem pessoas felizes trabalhando tem um turnover baixo. Este é um indicador de retenção de pessoas que estão na empresa, mas é importante ressaltar que ele não é apenas um número ou um percentual que deve ser olhado de forma fria. É preciso interpretar que, as pessoas que estão lá, teoricamente estão felizes com o ambiente e possuem uma satisfação com a forma que ela está sendo recompensada e tratada”, pondera.
Confiança
Para criar as melhores práticas, é primordial que a empresa possua uma equipe de RH definida. Isso porque o setor deve levar em consideração alguns fatores importantes que são moldados desde a fundação da organização, como, por exemplo, credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem. Segundo o vice-presidente eleito da ABRH Brasil, elas precisam estar focadas também em fatores como a comunicação acessível, valorização de competências de seus colaboradores, integridade e consistência da visão da empresa, respeito pela equidade e reconhecimento das pessoas na empresa.
No entanto, empresas de pequeno e até mesmo de médio e grande porte podem recorrer também a algumas consultorias, que vão estudar a organização e mapeá-la para identificar problemas e pensar em soluções. “Uma consultoria pode mostrar a empresa algumas pistas, orientar alguns caminhos, identificar alguns problemas e apontar soluções. Em alguns casos, é necessário e mais eficiente. Mas não é uma regra. Antes de construir boas práticas, é necessário olhar para sua cultura, entender qual o grau de maturidade da gestão, em qual contexto sua empresa está inserida (região, tamanho, segmento) e ouvir seus funcionários para que as práticas estejam alinhadas à expectativa do time, à estratégia do negócio e à cultura da organização”, alerta Daniela Diniz.
A implantação de boas práticas de gestão também precisa estar focada na ausência de favoritismo. “Chamamos isso de justiça no tratamento entre as pessoas. As melhores práticas precisam gerar orgulho tanto individual, quanto coletivo. Além disso, é preciso dar abertura para a ‘camaradagem’, ou seja, criar um espaço para que o funcionário seja espontâneo e crie um sentimento de família/equipe. Só assim a empresa consegue gerar o que chamamos de confiança”, sintetiza Dadson Moraes.
Pensar em boas estratégias de convivência e relacionamento entre os gestores e colaboradores é primordial para o desenvolvimento da empresa como um todo. O vice-presidente eleito da ABRH Brasil reforça a importância dessa estratégia. “A grande importância disso tudo é de fato as pessoas sentirem essas melhores práticas na essência da empresa, através da forma com que ela recebe, integra e inspira as pessoas. Isso pode ser feito com treinamentos, programas de desenvolvimento. Além disso, a comunicação deve ser muito clara, direta e transparente”, finaliza.
Adaptação
Alinhar os fatores internos é tão importante quanto conseguir equilibrar os elementos externos que envolvem uma organização. A Covid-19, por exemplo, trouxe impactos significativos para os negócios, que tiveram que adaptar as boas práticas da empresa à nova realidade. Segundo a diretora de Relações Institucionais do GPTW, Daniela Diniz, as boas ações também tiveram que ser repensadas para melhorar a relação com seus colaboradores, que passaram a atuar em regime home office.
“Muitas práticas tiveram de ser reavaliadas e até mesmo implementadas com a pandemia. A prática de contratação e onboarding, por exemplo, precisou ser reformulada uma vez que muitas empresas não tiveram contato com os candidatos e recém-contratados. Das práticas que foram implementadas, além da mais óbvia que é o home office, temos as práticas relacionadas à saúde mental, que vão desde terapias online, programas de mindfulness, acesso a médicos e psicólogos, workshops e treinamentos com a liderança sobre o tempo”, reflete.
O vice-presidente eleito da ABRH Brasil, Dadson Moraes, reforça que a adaptação dessas práticas só foi possível graças ao investimento na criatividade do time de RH das empresas, que precisaram treinar suas lideranças, enquanto também aprendiam a lidar com o novo contexto.
“Tivemos que treinar as lideranças e, para isso, precisamos investir mais em tecnologia para acompanhar os resultados por indicadores que tivessem maior assertividade para trazer a gestão mais próxima do colaborador. Então, as melhores práticas precisaram ser remodeladas porque o jeito que eu recebo meu novo colaborador mudou, assim como as formas que eu lidero o meu time”, complementa.
“Assim, pensar em eventos online, mandar presentes para a casa deles, ver a possibilidade de fazer happy hour online são formas de nos aproximar das nossas equipes e garantir a satisfação delas. O RH teve um desafio muito grande porque ele teve que ensinar, mas também teve que aprender no mesmo momento. Tudo isso com muito zelo para que o negócio e os seus resultados não parassem”, finaliza Dadson.
Fonte: UOL
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