Ao longo dos últimos 20 anos, o mercado de trabalho brasileiro tem assistido ao envelhecimento de sua mão de obra, mostra nova pesquisa da Bain & Company realizada com cerca de 2 mil profissionais no Brasil. Ao mesmo tempo em que a proporção de trabalhadores mais jovens tem diminuído é possível notar que muda o perfil de atuação dos indivíduos dentro das companhias.
A consultoria considera seis arquétipos de colaboradores que representam os principais perfis que compõem a força de trabalho no ambiente corporativo atual:
Operadores: preferem estabilidade, previsibilidade e atuam em prol da sua equipe, mas encontram motivação fora do trabalho;
Esforçados: são ambiciosos, competitivos e excelentes em planejamento; geralmente disciplinados, buscam caminhos bem definidos para o sucesso;
Artesãos: buscam a perfeição em seu trabalho, gostam de autonomia e se dedicam àquilo que amam sem se preocupar com status;
Doadores: altruístas, valorizam o trabalho que melhora a vida dos demais e adicionam um toque mais humano às organizações;
Exploradores: gostam de variedade e experiências diversificadas e preferem flexibilidade e autonomia em vez de segurança;
Pioneiros: querem mudar o mundo, têm forte identificação com seu trabalho e querem transformar seus anseios em realidade, mesmo que isso envolva riscos.
Perfil dos profissionais
De acordo com a pesquisa, à medida em que os profissionais envelhecem, a participação de Doadores cresce, enquanto a dos Pioneiros tende a cair. Os Doadores, caracterizados por sua dedicação, experiência e disposição em compartilhar conhecimentos, tornam-se colaboradores-chave para que os times sejam mais humanizados e desenvolvam um maior senso de equipe. Por outro lado, com menos Pioneiros, há uma menor movimentação na aplicação de soluções arrojadas, o que pode ser um desafio, especialmente em companhias cujo crescimento depende de inovação.
Com o aumento de trabalhadores nas faixas etárias mais altas, outro fator se destaca: a autonomia, que é mais valorizada com o passar dos anos. Colaboradores com idade maior são mais propensos a buscar essa característica em suas atividades laborais, bem como a realizar atividades que despertem seu interesse e satisfação pessoal. Isso pode estar relacionado ao acúmulo de experiência e ao desejo de contribuir adquiridos ao longo dos anos.
Outro aspecto relevante é a lealdade às empresas – os brasileiros tendem a ser mais fiéis e comprometidos com as organizações em que atuam conforme aumenta sua idade – índice que alcança 51% dos entrevistados com mais de 55 anos, enquanto somente 40% dos trabalhadores com 18 a 24 anos se consideram fiéis à sua empresa.
Porcentagem de profissionais que se sentem leais aos seus empregadores por faixa etária (%)
No entanto, é importante ressaltar que, ao contrário do que se pode pensar, os trabalhadores mais experientes não são necessariamente mais satisfeitos que os demais. Apesar da sua lealdade, eles ainda enfrentam desafios e demandas que podem impactar sua satisfação no trabalho. A pesquisa mostra, inclusive, que aqueles com idade acima de 42 anos têm menor satisfação no trabalho que os grupos de 37 a 41 anos.
Essas mudanças demográficas e comportamentais têm implicações significativas para o mercado de trabalho brasileiro e exigem uma reflexão contínua sobre as políticas e práticas voltadas à inclusão, especialmente no que diz respeito aos profissionais mais experientes. Entender esse público e atrair talentos nessa faixa etária poderá ser um diferencial competitivo para empresas que buscam crescer no Brasil, onde o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentou 39,8% entre 2012 e 2021, segundo o IBGE.
Fonte: RH pra você
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